sábado, 3 de fevereiro de 2018

Equilíbrio hormonal (antes e depois da menopausa) parte 1

É impossível não ficar chocado em como a sociedade transformou uma parte perfeitamente natural do ciclo de vida da mulher numa doença. Menopausa é tão doença quanto a gravidez e dar à luz uma criança.
Ao analisar a bioquímica deste período identificaremos apenas uma verdade: menopausa é a parada da ovulação. Assim, é somente a transição entre os anos férteis e o período onde a mulher não precisa mais se preocupar com a possibilidade de engravidar, nem com o sangramento menstrual.
Os sintomas desagradáveis e comuns à menopausa (fogachos, secura vaginal e alteração do humor) são mais comuns no mundo industrializado e são o resultado da queda dos níveis abundantes de progesterona (produzida pelo corpo lúteo logo após a ovulação).
Pois é, a menopausa não é um erro da Natureza!

Pré-menopausa/Menopausa:
Chamamos de pré-menopausa o período que precede a menopausa. Deveria aparecer entre os 45 e 50 anos, mas não é incomum começar por volta dos 30-35 anos, por conta da dominância estrogênica que vou falar mais à frente. Já a perimenopausa diz respeito a um ou dois anos antes da menopausa.
Assim como citei acima, os sintomas da pré-menopausa não são apenas uma função da bioquímica feminina, mas também dizem respeito às mulheres que estão “fora de seu ciclo e ritmos de seu corpo, seus sentimentos e sua espiritualidade”. São mulheres que tentam balancear suas famílias e o trabalho, que se esquecem de cuidar delas mesmas e que se sentem abandonadas por seus médicos. As dúvidas são maiores e poucos médicos sabem como gerenciar este momento da vida da mulher.
Uma das razões do por que as mulheres evitam falar sobre o assunto menopausa é a crença arraigada de que esta palavra significa o mesmo que envelhecimento. Esta atitude acaba por contribuir fortemente para o agravamento dos sintomas da pré-menopausa. Afinal, a menopausa é um ciclo da vida a ser respeitado e esperado que aconteça.
Ao contrário da crença comum, a pré-menopausa é um período da vida da mulher extremamente potente e essa energia pode ser deve ser aproveitada ao máximo. É o momento em que ela se dá conta que o príncipe encantado não virá a galope resgatá-la e que a segurança que busca está, na verdade, dentro dela mesma. Seu conhecimento sobre seus poderes e suas fraquezas lhe dá uma poderosa força emocional e espiritual.
Mas não há atalho ou mágica: a pré-menopausa indica o momento onde o corpo não aceita mais os excessos relacionados ao estilo de vida do início da idade adulta: noites em claro, álcool, refrigerantes, fast food, sobremesas… Podemos escapar dos efeitos de um estilo de vida não-saudável até os 30 anos, mas passamos a sentir os primeiros efeitos por volta dos 35 anos, e a partir daí, começamos a pagar o preço, e enfim, adoecemos antes dos 50 anos! A pré-menopausa é, portanto, o grande momento especial para buscar o equilíbrio hormonal. Entretanto, um ponto é importante: tomar um hormônio sintético estranho ao organismo é uma das maneiras mais rápidas de confundi-lo e colocá-lo em desequilíbrio. Essas drogas foram criadas não por que trabalham melhor que os hormônios naturais, mas por que podem ser patenteadas e gerar maior lucro.
Assim, seu início depende de diversos fatores: hereditariedade, meio ambiente, época da primeira menstruação, se já teve ou não filhos e em que idade… Isso sem contar com o estilo de vida: uma vida estressante tentando equilibrar carreira e família, alimentação errada (café, açúcar, álcool), morar numa cidade grande, exposição a toxinas em casa e no trabalho.
Sabendo disso já dá para tecer algumas críticas à visão médica tradicional de que a mulher na menopausa necessita de tratamento com reposição de estrogênio. Além de não ser científico é uma visão patriarcal e míope que somente retarda um entendimento mais profundo e construtivo sobre o tema.
Estrógenos produzem coagulação vascular, por isso o corpo responde com vasodilatação, o que acaba provocando extravasamento de líquido para fora do vaso, explicando a retenção hídrica e as cefaleias comumente relacionadas ao uso da reposição sem necessidade de estrogênio.
O agravante é que mais de 60% das mulheres até 80 anos produzem todo o estrogênio que necessitam. Mesmo assim, a reposição de hormônios devida “a idade” é um brutal erro terapêutico. A reposição hormonal baseada na correção da deficiência hormonal e que restaure o equilíbrio adequado é mais sensato, correto e seguro do que a reposição convencional.
Após a menopausa a queda de estrogênio é de 40-60%, mas a de progesterona é de quase 100%. Algumas mulheres possuem dosagens de progesterona menores do que a de homens! Aliás, estes raramente necessitam de reposição com progesterona, pois produzem o suficiente até por volta dos 80 anos.
A falta de progesterona tem consequências devastadoras sobre o corpo todo, uma vez que ela está ligada à síntese de androstenediona, testosterona, estrona, estradiol, estriol, cortisol e outros corticosteroides, e aldosterona.
Seu nome vem dos seus efeitos sobre a reprodução, pois possui ação sobre o endométrio uterino, além de ser fundamental para a sobrevivência do feto durante a gestação. Mulheres com história de abortos espontâneos no início da gravidez têm normalmente baixos níveis de progesterona.
E ela ainda possui efeitos intrínsecos: diurética, queima gordura, aumenta a disposição física, antidepressiva natural, ajuda a ação da tiroide, normaliza a coagulação e a glicose sanguínea, protege contra fibrose e tem ação anticâncer mamário e de útero (por equilibrar o efeito do estrogênio). A concentração de progesterona nas células cerebrais é vinte vezes maior do que no sangue. Por isso, se diz que ela é protetora cerebral. Há estudos recentes indicando que o uso de progesterona e vitamina D protege o cérebro se usados logo após um trauma craniano. Além disso, um trabalho do médico francês Ettienne-Emile Baulier mostrou que a progesterona é sintetizada pelas células de Schwan no Sistema Nervoso Central, para proteger e reparar a bainha de mielina.

Entendo o equilíbrio hormonal:
Conhecemos o mantra da base para uma boa saúde: comida integral, exercícios e sono adequado, alem de manejar o estresse adequadamente. Todos são elementos do que chamamos “estilo de vida”. Uma das razões está relacionada ao fato de que nossos hormônios trabalham como uma orquestra harmônica.
O movimento coordenado de produção e distribuição dos hormônios no corpo da mulher depende de uma perfeita sintonia, e não precisa muito para transformar esta sinfonia num caos total. Se o estrogênio ou o cortisol estiverem elevados, a progesterona não pode ser “ouvida”. Cortisol alto ainda bloqueia a produção da própria progesterona e da deidroepiandrosterona (DHEA). Se a pregnenolona estiver baixa, todos os outros hormônios deixam de ser produzidos.
Outra característica destes hormônios é que são intimamente relacionados, cada um feito de outro na dependência da necessidade do corpo. Por exemplo, da progesterona o corpo pode fazer DHEA, cortisol e estriol; androstenediona pode ser transformada em testosterona e estrona, e a testosterona pode ser feita a partir do estriol, estradiol e androstenediona.
Veja abaixo (cada seta indica o trabalho de uma enzima):
Esta é apenas uma parte da partitura: uma combinação específica de vitaminas, minerais e enzimas ajuda nesse equilíbrio. É por isso que problemas com a tireoide ou insulina, toxinas, fatores ambientais, alimentação inadequada e um fígado sobrecarregado podem contribuir para a deficiência de nutrientes, como magnésio ou vitamina B6 (piridoxina) e ter conseqüências devastadoras para a saúde.
Seu estado emocional também desempenha um papel especial nesta sinfonia hormonal. No houver estresse emocional, por exemplo, as adrenais liberam cortisol. Quando o organismo precisa de cortisol, acaba produzindo mais progesterona, além de aumentar a produção de colesterol, matéria-prima de todos os hormônios esteróides. O cortisol ainda compete pelos receptores de progesterona nos osteoblastos, as células que fabricam o tecido ósseo, produzindo mensagens opostas e contribuindo para a osteoporose: a progesterona estimula a produção óssea e o cortisol a bloqueia. A demanda crônica por cortisol acaba por esgotar as adrenais e aparecem os sintomas da fadiga crônica.

Fonte:
http://ecologiacelular.com.br/o-equilibrio-hormonal-antes-e-depois-da-menopausa/

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