Muitas gestantes não sabem, mas a audição é um dos primeiros sentidos desenvolvidos pelo bebê, ainda no útero materno.
A medida em que os meses vão passando e a gravidez vai evoluindo, o sistema auditivo do bebê aumenta sua capacidade, possibilitando a ele discernir timbre, tonalidade e associar o som à presença do objeto que gerou a manifestação.
A voz humana causa grande impacto ao bebê, principalmente, a voz paterna. Por isso, é importante que o pai converse bastante com o pequeno ainda na barriga e o estimule a conhecer a sua voz, que é fácil de ser identificada, pois é mais grave que a da mãe.
Um bebê bem estimulado reconhece a voz do pai no momento em que nasce, associando-a ao rosto, cheiro e tato. Este vínculo estabelecido entre pai e filho ainda no ventre materno, contribuirá para o elo afetivo entre os dois, que se desenvolverá ao longo do crescimento do pequeno.
O ideal é que o pai estabeleça esse contato ainda no primeiro trimestre. A dica é falar baixinho e pertinho da barriga, tocá-la, cantar. Desta maneira o homem irá garantir seu papel como pai e figura importante no desenvolvimento afetivo, intelectual e social do bebê.
É importante também que o casal evite discussões dentro de casa e ruídos agudos próximos à barriga, pois o bebê sente, em parte, o que a mamãe sente. Portanto, após uma discussão, se ele perceber que a voz do pai está ligada à tristeza, movimentos bruscos e alteração cardíaca da mãe, irá realizar associações negativas à figura paterna.
Por isso, a voz paterna deve transmitir proteção, acolhimento, segurança e carinho, para que o vínculo entre pai e filho seja estabelecido antes mesmo do nascimento do pequeno, que crescerá mais saudável, sociável e feliz.
Ao nascer, o cérebro de um bebê tem cerca de 100 bilhões de neurônios (células nervosas). O tronco cerebral, região que controla as funções vitais, como os batimentos cardíacos, já funciona perfeitamente. Além da pulsação e da respiração, o bebê consegue sugar, se assusta e reage aos sons e à luz.
A partir do segundo mês de vida pós-natal, cada vez mais o cérebro vai ativando áreas responsáveis pela percepção sensorial do mundo. Ou seja, a criança começa a reagir de maneira mais instintiva aos estímulos visuais, por exemplo, acompanhando objetos coloridos. “A audição também começa a se desenvolver de forma mais ativa, tanto que a criança passa a ter reações diferentes aos sons, até o reconhecimento da voz do pai ou da mãe”, observa o neurologista Muszkat.
Pais que têm ou já tiveram o hábito de conversar com os filhos dentro da barriga da mãe, agora, têm um fundamento científico para argumentar contra pessoas que afirmam que essa história é baboseira. Para a surpresa dos céticos, os bebês – desde muito novos – têm uma compreensão da realidade mais apurada do que imaginamos. É o que indica um estudo da Universidade Duke, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Segundo a publicação, desde os primeiros dias, o bebê presta atenção em palavras e padrões de frases.
A psicóloga Adriane Gonçalves afirma que conversar com o bebê na fase uterina contribui para o desenvolvimento da linguagem. “De alguma forma, ao exercitar a comunicação, a mãe ativa partes do cérebro do bebê associadas à linguagem. Além das expressões verbais (fala), os bebês convivem com as emoções da mãe. A voz é carregada de emoção, então, se a mãe está triste, o batimento cardíaco e a respiração se alteram, o que é percebido pelo bebê. A voz da mãe – ou do pai – pode tanto acalmar como também ativar partes do cérebro responsáveis pela aquisição da linguagem verbal e não verbal no futuro”, disse Adriane.
Linguagem facial
Um estudo da Universidade da Filadélfia, nos EUA, mostra que, de 13 a 15 meses, os bebês entendem a linguagem facial. A experiência consistiu em mostrar, alternadamente, caras tristes e alegres aos bebês.
A psicóloga Adriane Gonçalves, defensora do “maternalismo”, diz que essa teoria consiste em um tipo de fala que tem algumas mudanças de voz (alta ou baixa) e frases curtas acompanhadas de pausas, sorrisos e expressões. Então, o bebê é capaz de perceber a expressão facial da mãe mesmo que ele ainda não tenha a expressão verbal. O adulto é quem dará significado para a fala do bebê, ou seja, o bebê se comunica por meio das expressões faciais dos pais. O “maternalismo” também ajuda na questão da linguagem. Por exemplo, se você faz uma expressão, o bebê ri. Ele entende que aquela expressão representa algo engraçado. É isso que dará significado para a linguagem do bebê, porque ele já se comunica por meio da primeira forma de comunicação, que é o choro”, afirmou.
Ativação do cérebro para as emoções
É impressionante não? Como será que um bebê tão pequeno pode se emocionar tanto com uma música cantada pela mãe? E não é que a gente também se emociona vendo um vídeo onde o bebê derrama lágrimas ao ouvir uma música cantada pela mãe? Mas por que isso acontece? Por que nos emocionamos com uma música ou com a cena de um filme? Por que choramos e nos sentimos tocados por uma situação que não está ocorrendo conosco?
No caso da bebê não podemos dizer ao certo o que está passando pela cabeça dela. Vários fatores podem levar a pequena a derramar lágrimas. Claro que ela não entende a letra de amor da música, então certamente não chora por isso. Os bebês são capazes de escutar dentro do útero a partir da 21ª semana, é possível que a mãe já cantasse essa música quando estivesse grávida e a bebê percebia toda a emoção da mãe ao cantar essa canção. Por serem capazes de escutar dentro do útero é que bebês reconhecem a voz da mãe e muitas vezes do pai e de pessoas próximas que falavam com ela antes de nascer.
No entanto, o que parece estar realmente envolvido na emoção do bebê é algo chamado empatia. A empatia é a responsável por nos fazer chorar em filmes e novelas, é também responsável pelo medo e sustos que sentimos nos filmes de terror. Quem não se emocionou na cena clássica de novela em que a atriz Carolina Dieckmann raspa o cabelo por causa da quimioterapia? Por que choramos com a atriz mesmo sabendo que tudo aquilo não é real? Tudo isso é causado pela empatia minha gente!
Empatia é a capacidade de sentir as emoções e sentimentos dos outros como se fossem nossos. Mas como o nosso cérebro pode sentir os sentimentos de outra pessoa? Quase tudo parece ser dependente de uma região do nosso cérebro chamada de insula. A insula faz parte de um sistema complexo responsável pelas nossas emoções e prazeres, o sistema límbico (já falamos dele aqui). Estudos mostram que a insula é ativada quando vemos cenas de filmes que causam emoção, ela então ativa o sistema límbico e passamos a sentir as emoções do personagem como se fossem nossas. Mas pera ai como a nossa insula pode ser ativada apenas por ver outra pessoa sofrendo? Embora não se tenha 100% de certeza, tudo indica que isso seja causado pelos chamados neurônios espelho. Os neurônios espelho são neurônios que se ativam quando fazemos alguma ação especifica (por exemplo chorar de tristeza), mas que também se ativam somente por ver outra pessoa fazendo a mesma ação (ou seja outra pessoa chorando de tristeza). É como se o neurônio “imitasse” o comportamento de outra pessoa, como um espelho. Estes neurônios foram identificados de forma direta apenas em macacos, mas por medidas indiretas se acredita que eles existam também humanos e em alguns pássaros.
Qual a importância dos neurônios espelho?
Os neurônios espelho parecem explicar muitas coisas no desenvolvimento humano e no processo evolutivo dos primatas. Os estudos com esses neurônios e com a neurociência da empatia são bem recentes, mas se acredita que os neurônios espelho tenham um papel fundamental no aprendizado da linguagem, já que a fala nada mais é que imitar os sons emitidos por outras pessoas. A empatia parece ser importante para a vida em sociedade e para o relacionamento entre os indivíduos, porque somente através dela podemos compreender que o outro individuo está sentindo.
Mas se as mesmas áreas cerebrais que ativamos quando sofremos são ativadas pelo sofrimento do outro, como o cérebro sabe que isso não está acontecendo conosco? Isso é uma ótima questão! A insula, aquela lá do sistema límbico, também recebe informações de outros órgãos do nosso corpo e de outras regiões do nosso cérebro, ela junta tudo e percebe que a situação não está ocorrendo com a gente.
Vou dar um exemplo pra ficar melhor: vamos supor que vemos o nascimento de um bebê num filme, os neurônios espelho se ativam quando vemos a cena e produzem a ativação da insula e do sistema límbico, assim nos emocionamos e ficamos com os olhos mareados. A insula também está recebendo informações dos nossos batimentos cardíacos, dos músculos do nosso abdômen e percebe que não somos nós que estamos tendo um bebê.
Ela também recebe informações das nossas memórias que não indicam, pro exemplo, que seria possível estarmos tendo um bebê. Nesse caso a insula fica “tranquila” e nos deixa lá com os olhos cheios d’água, mas sabendo que a situação não está ocorrendo com a gente.
No caso dos bebês a empatia e os neurônios espelhos são muito importantes. Lá pelos 4 meses eles começam a imitar tudo o que os pais fazem. Como eles conseguem imitar? Por causa dos neurônios espelhos! A função motora, a capacidade de caminhar, a fala, conseguir comer sozinho, tudo virá por imitação dos adultos e lá vão os neurônios espelho ajudar o bebê. A insula do bebê será ativada indicando se os pais estão felizes ou triste com uma atitude dele e assim a criança começa a viver em sociedade e entender suas regras.
A empatia está prejudicada em algumas doenças psiquiátricas e por isso os pacientes tem dificuldade de entender expressão faciais, compreender os sentimentos dos outros e lidar com situações de muita emoção. Isso ocorre no autismo, na esquizofrenia e em alguns casos de bipolaridade, e mostra o quão importante é a empatia para os relacionamentos sociais.
Fonte:
http://blogdalo.com.br/como-a-voz-do-pai-ativa-o-cerebro-do-bebe-ainda-no-utero/
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